Este vídeo retrata a realização das "Segadas" que durante séculos foram efectuadas pelos homens e mulheres de Valdanta . Para esta cansativa tarefa normalmente juntava-se a maior parte da aldeia onde todos recebiam ajuda dos amigos e familiares. Quem ajudasse depois também recebia ajuda na sua segada. Eram sempre realizadas no Verão  e nas horas de maior calor (+/- 40 ºC ) para que a palha estivesse bem seca.  O centeio depois de cortado era levado para a eira nos carros de bois onde era malhado e retirado o grão. Depois a palha era amontoada em "medas". Esta palha servia ,durante o Inverno,  para dar de comer aos animais e para forrar as lojas onde dormiam . Quando esta palha estava muito suja pelos animais era retirada para os corrais transformando-se em "esterco". Posteriormente este  era carregado nos carros de bois e transportado para as terras onde era espalhado de forma a "estrumar" as terras preparando-as para a agricultura. Nesse tempo não existiam adubos industriais em Valdanta e era assim que toda a gente  fertelizava as suas terras.

Este é o primeiro de alguns vídeos que pretendo publicar e que retratam o dia-a-dia de Valdanta de antigamente. Uma Valdanta que praticamente já não existe e que tantas saudades deixa. Nestes vídeos aparecem alguns valdantenses que infelizmente já não se encontram entre nós, servindo estas imagens como homenagem  a todos eles.

Visite Portugal e de caminho dê um salto a Trás-Os-Montes e a Valdanta, claro. 

Está concluído o restauro daquela que foi durante muitos anos a casa da Tia Joaquina. O feliz proprietário é o Nuno Teixeira conforme o brasão pode confirmar. O resultado é simplesmente espectacular, na minha modesta opinião, e espero que seja um exemplo a seguir por outros valdantanos .

Umas ruas mais abaixo existem umas casas completamente "abandonadas" à espera que alguma família as reconstrua voltando a embelezar e a dar vida a esta parte mais antiga da nossa aldeia.

Infelizmente, ainda não tive a oportunidade de ver o seu interior mas, segundo me disseram, está tão bonita por dentro como por fora. Existem outras casas restauradas na nossa aldeia que futuramente irão visitar este nosso blog. Para mim é uma enorme satisfação ver o nosso património restaurado e não destruído como algumas vezes tem acontecido.

Eram 8h30m da manhã de Domingo, quando os homens se juntaram no largo da igreja de  Valdanta . Separados em dois grupos, os nossos cantadores partiram em direcções opostas para simplificar a tarefa de percorrer todas as casas da nossa freguesia, que é uma das maiores do Concelho de Chaves.

Uns partiram em direcção ao Cando e os outros à Abobeleira .  Este ano a organização coube a um punhado de valdantenses que não quiseram deixar morrer a tradição, pois não houve mordomos interessados em organizar o evento deste ano. Provavelmente, os tempos difíceis servem de explicação para esse facto.

Eu tive o privilégio de acompanhar o grupo, representado em cima, que percorreu as belas ruas da Abobeleira . Foi uma alegria bater de porta em porta em todas e cada uma das casas e acordar os "estrangeiros" que ainda não conheciam a tradição dos reis. O Fernando com o seu acordeão marcava o ritmo e a rapaziada animada pelas iguarias que lhes eram servidas pelos valdantenses faziam a festa e animavam as normalmente pacatas ruas da nossa comunidade. Esta é a minha tradição preferida de todas as que existem na nossa freguesia.

Às 13 horas em ponto, chegou a hora do reencontro com o outro grupo e do repasto na casa do povo onde uma deliciosa feijoada nos esperava para nos aconchegar os estômagos.

Depois de almoço os grupos voltaram-se a separar e cantaram os reis pelas ruas da aldeia de  Valdanta  acabando por se encontrar, ao fim da tarde, na igreja para o tradicional cantar dos reis no seu interior.        

Finalmente à noite foi servido o jantar que constava de assados elaborados pelas mulheres valdantenses no forno do largo da taberna...

Até para o ano e não percam o cantar dos reis porque é uma tradição que não podemos deixar morrer.